Empresas desafiadas a integrarem Movimento +Fertilidade

Esta tem de ser uma causa nacional. A situação será insustentável a nível demográfico, social e económico se nada for feito. A 5 de Junho há debate no CCB sobre o impacto das boas práticas laborais.

Empresas desafiadas a integrarem Movimento +Fertilidade
As estatísticas acumulam-se contra Portugal. Se não se agir no imediato, com políticas de apoio à fertilidade e à parentalidade, em breve deixará de ser possível garantir a sustentabilidade demográfica e social do país. Esta deve ser uma causa nacional, defendem os promotores do Movimento +Fertilidade, incitando entidades públicas, empresas e a sociedade civil a unirem-se em torno deste objectivo comum.

“Em 2024, nasceram apenas 84650 mil bebés. E este número é 1,2% a menos do que no ano anterior. Para conseguirmos garantir a reposição populacional, precisamos de taxa fecundidade 2,1 filhos por mulher – actualmente são 1,44. A idade média do nascimento primeiro filho é de 30,2 anos e tem vindo progressivamente a aumentar. Isto reflecte o adiamento do projecto de parentalidade, que tem que ver com dificuldades no acesso à habitação, a creches e não só. Este adiamento traz consequências, porque sabemos que há redução da probabilidade de ter filhos com sucesso”, enuncia Pedro Moura. Deve reter-se ainda mais um número desfavorável ao país: “Se nada for feito, haverá uma perda de 0,6 pontos percentuais do PIB até 2050. É uma brutalidade”, assume o director-geral da Merck Portugal, que considera, por isso, que as empresas devem assumir o seu papel – e já. “Se formos agora, vamos a tempo.”

É por isso que a farmacêutica apoia o Movimento +Fertilidade, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Fertilidade (APF), Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR) e Ordem dos Médicos. Assumindo que as empresas são agentes transformadores, na tarde de 5 de Junho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, este movimento promove uma sessão em que se vai debater o impacto das boas práticas na retenção de talento.

Entre os participantes estará a CIP – confederação que reúne as empresas portuguesas, assim como representantes da Lush, PcW, NOS, entre outras, que falarão sobre as políticas activas que têm nesta área. A Merck dispõe de um programa global de benefícios, em que existe apoio financeiro e psicológico para tratamentos de fertilidade para os colaboradores e seus parceiros, independentemente do seu género ou preferência sexual. “As empresas devem começar por algum lado. Se queremos atrair e reter colaboradores, não tenhamos dúvidas de que estas políticas de apoio à parentalidade são um factor absolutamente decisivo”, refere Pedro Moura, citando algumas medidas que já existem no mercado nacional, como pagamento de creches, possibilidade de trabalho remoto, campos de férias para filhos, existência de salas de amamentação, garantia de dias dedicados às famílias.

 

Os 4 eixos estratégicos pela natalidade em Portugal

  • Criar um ecossistema empresarial que apoie a fertilidade e a parentalidade.
  • Combater a discriminação no ambiente laboral.
  • Aumentar a literacianesta área.
  • Promover políticas inclusivase práticas laborais justas, com ligação entre sectores público e privado.

 

O evento pretende sensibilizar sector empresarial, que pode aderir através da assinatura de uma carta de compromisso onde cada empresa signatária assume quais as iniciativas que tem ou pretende criar para promover ambientes mais inclusivos e favoráveis à parentalidade activa e à saúde reprodutiva. “Vamos através deste processo simples ter um impacto muito significativo nas empresas”, acredita Pedro Moura.

Por outro lado, o wexiste o manifesto que deu origem ao Movimento +Fertilidade, acrescenta Luís Vicente, que procura também sensibilizar os decisores políticos, nomeadamente sobre a necessidade de uma estratégia nas políticas públicas direccionada para estes desafios e de se garantir maior equidade no acesso a tratamentos. “Não há centros a sul do Hospital Garcia de Orta, em Almada”, diz o presidente da SPMR. Outro objectivo essencial é aumentar os níveis de literacia em saúde reprodutiva, contribuindo também deste modo para reduzir os casos de infertilidade evitável. “Segundo um inquérito europeu às gerações Z e Millenial, 78% das mulheres não sabem o que é a reserva ovárica e que pode comprometer a fertilidade, porque se vai esgotando”, exemplifica Luís Vicente.

Para o presidente da SPMR, “é possível inverter a situação, mas temos de actuar já e a vários níveis. É esta a razão deste manifesto e consequente Movimento + Fertilidade que pretende envolver sociedades médicas, associações de doentes, decisores políticos e setor empresarial.” Dia 5 de junho, as empresas mostram estar presentes nesta causa que tem de ser nacional.

Ler o artigo original